terça-feira, 15 de dezembro de 2015



Este nobiliário agiganta-se no panorama da prosa portuguesa de trezentos: para lá do seu carácter universal, ela é a primeira obra original da historiografia portuguesa( ocupa-se dos primeiros reis de Portugal até D. Afonso IV). Reveste-se uma preocupação social.
Os atos de bravura, a fidelidade à palavra dada, as traições de que se ocupa, as pequenas histórias que conta, os traços pitorescos e anedóticos que refere, a explicação de alcunhas, graciosas umas, ridicularizadas outras, a casamentos, a raptos, a adultérios,a violações, revelam abruptamente as pessoas neles envolvidos.
As narrativas da batalha do Salado e do Rei Ramiro são as mais importantes. Envocaram a "estória" que a tradição oral transmitia, afastando-se dela, do possível cantar de gesta que estaria na sua origem, atualiza-se uma narrativa sentimental.
A narrativa da Batalha do Salado encontra-se incompleta no Cancioneiro da Ajuda. Apresenta valores da cavalaria( espírito religioso, honra, prez e bondade).


Os Livros de Linhagens na Idade Média Portuguesa.

Os livros de linhagens ou nobiliários foram na Idade Média, considerados de grande relevância do ponto de vista social. Sentia-se uma necessidade de escrever as genealogias dos senhores, das grandes famílias, para que por elas se conhecessem os ascendentes, porque só conhecendo se evitariam os casamentos incestuosos, podendo-se viver, assim fora de pecado.
Elucidavam também sobre os mosteiros de que os senhores eram fundadores e dos benefícios a receberem provenientes dessas fundações.
Há livros de linhagens que extrapolam a simples genealogia, ganhando, assim, uma nova dimensão. O "Livro Velho", "O Livro do Deão" e o "Livro de Linhagens do Conde D. Pedro" são os mais importantes.
O primeiro foi escrito nos finais do século XIII, perdeu-se e está representado por um manuscrito do século XVII.
O segundo foi escrito em 1343, a pedido de um deão para os fidalgos ficarem a conhecer as suas famílias.
O "Livro de Linhagens do Conde D. Pedro" foi escrito em 1340 a 1344. A obra afasta-se das típicas genealogias pois ultrapassa as fronteiras do reino.

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sábado, 12 de dezembro de 2015


Cantigas de escárnio e maldizer 

- O sirventês provençal e a satírica trovadoresca.
A satírica trovadoresca sofreu influencia das composições satíricas cultivadas na Provença, que tinha em nome d e sirventês. Havia três espécies:

a) O sirventês moral que ridicularizava a decadência do ideal de cavalaria, a boçalidade dos fidalgos, as leviendades das mulheres, os costumes duvidosos de alguns clérigos,

b) O sirventês politico que ridicularizava a luta dos reis ingleses com os senhores feudais de França, por exemplo.

c) O sirventês pessoal que ridicularizava a vida intima dos indivíduos, sobretudo a vaidade ridícula dos jograis.
Ao tomar contacto com a estética provençal, os nossos poetas começaram a satirizar os mesmos tipos e pelos mesmos processos. As produções literárias desta espécie chamamos cantigas de escárnio e maldizer.

- Divisão e variedade da sátira trovadoresca.
A arte de trovar distingue duas modalidades de sátira: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer .

a) cantigas de escárnio são as que ridicularizavam alguém com palavras simuladas, de dois sentidos (ambíguas).
Não encontramos aqui uma palavra só ofensiva directamente.

b) Cantigas de maldizer: são as que ridicularizam alguém com as palavras claras e directamente ofensivas. As frases exprimem maledicência claramente e em sentido próprio.
A sátira trovadoresca é constituída, na sua maior parte, por cantigas de maldizer.

-Variedades

Consoante a temática ou a forma, as cantigas satíricas e trovadoresca recebem os seguintes nomes:

a) joguete de arteiro- composição de escárnio propriamente dita.

b) risadilha- composição paradiada de outra poesia do qual adopta a musica e a rima.

c) cantiga de seguir- composição parodiada de outra poesia da qual adopta a musica  e a rima,

d) tensão- composição dialogada entre dois trovadores que se contradizem.

- Características da sátira trovadoresca.

A sátira do período trovadoresca reveste-se das seguintes características:

a) é concreta e particular. Na verdade, são muito raras as cantigas que visam defeitos de carácter geral e de um modo abstracto, com a mentira, a luxúria, a inceceridade avareza. Não atacam o vicio em si, atacam pessoas particulares que se revelam mentirosas, cobardes, sensuais ou avarentas.

b) é fundamental de carácter social. Como mais tarde fará Gil Vicente, os trovadores satirizavam tipos sociais. Assim, vemo-los criticar:
- membros do clero com comportamentos pouca edificados;
- nobres cobardes e empobrecidos;
- os vários ofícios ( jograis militares );
- os vilãos

c) é , em parte, muito obscena. Deparamos em muitas composições satíricas com obscinidades de realismo cru.

- Alguns temas.
Bem atentas ao que se passava no seu mundo, os trovadores soltaram gargalhadas em torno de muitos factos e costumes escandalosos da época:

a) a entrega dos castelos ao conde de Bulònha, por parte de D. Sancho II, o que muito desgastou alguns membros do clero e da nobreza.

b) as pretensões dos poetas pobres e humildes. A arte trovadoresca era mais aristocrática do que à primeira vista parece. A cultura era então apanagia pelo clero, os nobres podiam dar-se ao luxo de a procurar, os plebeus é que não. Porém, acontecia , uma vez ou outra, que um pobre jogral concebia a ideia de se meter a poeta, para ganhar a vida e as honras. Tal atitude não era aprovada pelos trovadores nobres que o criticavam de todas as formas.

c) a vida duvidosa dos soldadeiros. Estas mulheres eram quase sempre de moral duvidosa. Os trovadores não as poupavam.

d) amores entre fidalgos e plebeias. Os preconceitos sociais do mundo medieval não viam com bons olhos os entendimentos amorosos entre fidalgos e plebeias.

e) a ambição dos pretenciosos. Também é feita uma critica aos que desejam aparentar um estatuto social superior àquele em que se integram.

f) as mentiras de amor. Por vezes, critica-se os que morrem de amor, acabando sempre por ressuscitar e por continuarem cada vez mais vivos neste mundo de hipocrisias.

g) o desconcerto do  mundo.

h) outros temas.

Além das pessoas atingidas a que fazemos referencia, a sátira trovadoresca visa cuinda:
-fidalgos preputentes;
-fidalgos pelintras;
-alguns membros do clero;
-trovadores e jograis.  

      

As cantigas de escárnio e maldizer.

- A poesia satírica galego-portuguesa, constituída por cantigas autóctones e pela adaptação do serventês, oferece-nos um precioso testemunho sobre a idade média portuguesa e peninsular, na medida em que documenta os seus costumes, sem a idealização da cantiga de amor.

- As cantigas de maldizer são aquelas em que os trovadores criticam os costumes.

- A cantiga de maldizer apresenta uma intenção moralizada e aproximar-se do serventês moral, utiliza também uma linguagem obscena.

- As cantigas de escárnio são aquelas que os trovadores usam para dizer mal de alguém.

- Usam-se trocadilhos e jogos semânticos e recursos retóricos.

- A cantiga de escárnio exigem a alusão indirecta e velada para que o destinatário  não seja reconhecido.

- Os "escárnios de amor " apresentam o reverso do amor cortês constituindo uma imitação icónica da cantiga de amor.

- A cantiga satírica reveste um importantíssimo valor documental para o conhecimento tanto da língua como da sociedade do tempo.


                
Ex: Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia! (…)
Cantiga de amor 
Ai eu coitad! E por que vi
a dona que por meu mal vi!
Ca Deus lo sabe, poila vi,
nunca já mais prazer ar vi;
ca de quantas donas eu vi,
tam bõa dona nunca vi. 


Tam comprida de todo bem,
per boa fé, esto sei bem,
se Nostro Senhor me dê bem
dela! Que eu quero gram bem,
per boa fé, nom por meu bem!
Ca pero que lh’eu quero bem,
non sabe ca lhe quero bem.

Ca lho nego pola veer,
pero nona posso veer!
Mais Deus, que mi a fezo veer,
rogu’eu que mi a faça veer;
e se mi a non fazer veer.
Sei bem que non posso veer
prazer nunca sem a veer. 


Ca lhe quero melhor ca mim,
pero non o sabe per mim,
a que eu vi por mal de mi[m]. 


Nem outre já, mentr’ eu o sem
houver; mais s perder o sem,
dire[i]-o com mingua de sem; 


Ca vedes que ouço dizer
que mingua de sem faz dizer
a home o que non quer dizer!
Pero Garcia Burgalês 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

    
                                     A cantiga de amor 

- O lirismo provençal foi certamente conhecido na Península Ibérica bastante cedo.

-Poesia autóctone e poesia de imitação provençal são, pois, simultaneamente cultivadas nas cortes da península e mutuamente se influenciam.

-Na entanto, algo as distingue e as torna inconfundíveis:
nas cantigas de amor é o homem que se dirige à amada ( "senhor" ) a confessar os seus sentimentos; pelo contrario, nas cantigas de amigo, é uma rapariga que, enamorada e saudosa, recorda o amigo (namorado) ausente, tornando como confidente a mãe, as amigas e a Natureza.

- A nossa cantiga de amor exprime a "coita" ou "cuita", paixão infeliz, amor não correspondido que se torna obsessão, repetida em tom de queixa ou de suplica.


                          A arte de amar dos trovadores 

-Ao contrario da cantiga de amigo, o cantar de amor não sugere ambientes físicos, determinados por referencias ao mundo exterior, ou sociais, resultantes da presença de personagens interessadas no enredo amoroso, não se refere à mãe, ao santo da romaria, às ondas do mar ou as árvores em flor.

-Nas cantigas de amor só existe a voz que conta na solidão, uma suplica do apaixonado para que a "senhor" reconheça e premeie o seu "serviço", ou um elogiar abstracto da beleza dela, uma descrição dos tormentos.

-O servidor está para com a amada como o vassalo para com o suserano.

-Nas cantigas de amor e do seu modelo provençal é a distancia a que o amante se coloca em relação à sua amada, a que chama senhor, tornando-a um objecto quase inacessível.

-O amar trovadoresco e cavaleiresco é por ideal, secreto, clandestino e impossível.

-O amar e morte aparecem conetantemente associados nos cancioneiros.


                        O código do amor cortês 

- O trovador serve a sua dona como o vassalo serve o suserano, com diligencia e fidelidade.

-Para se alcançar o favor supremo da dona, era necessário percorrer quatro estádios: o do aspirante que se consome em suspiros (fenhedo), o do suplicante, que ousa já pedir (predador), o do namorado ( entededor ) e o do amante (drut)

- O amor português ganha em emoção e sinceridade.

- O amor não podia falar uma linguagem desordenada, impetuosa ; tinha de conter-se em certos  limites de razoável moderação ( mesura).

- A mesura é a virtude suprema do amador.

- O receio de que a amada sofra no seu prez, o desejo, enfim, de servir pelo prazer e não pela mira do galardão.

- Além desta atitude submissa e tremente, outra obrigação tinha ainda o perfeito amador: a mais absoluta discrição que lhe vedava, sobretudo, divulgar o nome da amada.

- Enfim, o rasgo mais característico do amor português é o coita de amor, que se faz enlouquecer e morrer o pobre namorado. Era, o fim de uma vida votada a um amor infeliz, não compartilhado, morrer nas cantigas.

            
                   Variedade das cantigas de amor 

- a) Canções de mestria ( perfeitas obras de mestres).
    1.Dobre:consiste na repetição da mesma palavra em lugares simétricos da estrofe.
                              Ex: "Nostro senhor, e ora que será
                                      de mim que moiro, porque me parti
                                      de mia senhor mui fermosa que vê
                                       pelo meu mal ? E de mi que será"

     2.Mozdobre: como a dobre, é a repetição da mesma palavra em sítio simétrico da estrofe, jogando, porém, com as suas flexões.
                               Ex: " Se eu pudesse desamar
                                        a quem sempre desamou
                                        e podeses`algun bem buscar
                                        a quem me sempre mal buscou!"

     3. Atafinda: é uma espécie de encavalgamento entre os versos ou estrofes.Consiste na ligação do período ou da oração que terminam no meio do verso ou da estrofes seguintes.
                               Ex: "Quantos oj`andam essa maraqui
                                       cuidam que coita no mundo non, á
                                       se non do mar, nem an outro mal já
                                       mais doutra quisa acontece oj`a mi
                                       coita d`amor me faz escrever
                                       a mui gran coita de quantas son
                                       pola maior coita de quantas son
                                       coita d`amor a quem na Deus quer dar"
      
      4.Finda: é uma espécie de conclusão tem dois ou três versos, que  resume a cantiga.
     
      5.Verso perdudo: é um verso introduzido no meio da estrofe, sem correspondência rimática.
           b) tenções: são diálogos entre dois trovadores, nos quais um procura contrariar o outro.
           c) desacordos: eram composições multilingues dos quais se exprimiam os conflitos de amor.
           d)Prontos:são lamentações pela morte de alguém ou então desabafos plagentes de coitas de amor.
           e)Cantigas de refrão: são canções de amor onde aparece o refrão, típico das cantigas de amor.

                     Cantigas de amor: os temas 
         
- O tema ou motivo dominante das poesias trovadorescas de influência provençal é sempre o amor. No entanto, podemos descobrir uma certa variedade no tratamento das relações entre o trovador e a "senhor". Assim:

1-Vemo-lo idealizar a dona e exaltá-la como espelho de todas virtudes morais e cartazes de todas as bondades, e o amor- adopção ao amor sensual,

2-Encontramo-lo a jurar a fidelidade à dona ainda que esta lhe não corresponda, impregnada de masoquismo, pois chega a deleitar-se nesse amor infeliz ( amar-vassalagem ),

3-Por vezes damos com o trovador humilhado, cheio de timidez e mesura, a mendigar à dona a favor de o amar, para não morrer de amor,

4-Também o surpreendemos esmagado ora pela saudade devido ao afastamento da dona, de quem frequentemente se despede com lágrimas,

5- Ouvimo-lo mesmo a expor os efeitos contraditórios do amor e não é raro deparamos com ele a lastimar o fatalismo do encontro com a dona, a quem, sem querer se sentiu preso,

6- Notamos que uma indizível coita de amor o desgasta e que, às vezes, essa "coita" cresce tanto que a leva a morrer de amor.


              Estética das cantigas de amor. Aspectos gerais 

-Na verdade, pouca variedade encontramos nos seus temas e respectiva expressão, até porque muitas situações, sentimentos e dizeres que nelas se reflectem, são ditados pela moda, pela escola literária e não originados pela vida real. É difícil convencemo-nos, por exemplo, de que quase todas as mulheres voltassem as costas aos que amavam, e também de que estes, ofendidos no seu brio, no seu amar próprio, passassem a vida a chorar e sofrer e desejar a morte, sem tomarem outras atitudes. Bernardim Ribeiro, mais tarde, iria encorar o amor nesta maneira e os românticos explorarão com um prazer idêntico este idealismo. Tudo isto, porém, denotam um desajustamento da realidade.
Apesar dos aspectos mencionados, podemos considerar os trovadores portugueses pioneiros em alguns aspectos estéticos:

1- Fazem uma analise bastante profunda do coração que ama.

2-Ao mencionar as qualidades da dona, seguem os modelos provençais, o bem falar e rir, o bom senso, o bem parecer. Vê-se facilmente que estas características são próprias de gente da corte. Os retratos são vagos e convencionais e é flagrante a insistência nas qualidades morais da mulher.

3- Exploram com frequência o simbolismo da luz. São muitas as poesias em que a dona é chamada "o lume dos olhos do trovar ".  

             Características das estrofes/coplas/coblas. 

- O termo literário cobra ( ou cobla/copla ) é sinonimo de estrofe na poética medieval galaico-portuguesa Massaud Moisés explicita também, os conceitos de cobla singular ( quando cada estrofe apresenta rima própria), coplas unissonas ( quando é igual a rima ao longo das estrofes) , coplas doblas ( só a cima é idêntica em cada gruopo de duas ), e coplas replicativas (quando empregam a aliteração.)      

                                    Ai flores do Verde Pino 
                                                                
                                                                                               
Ai flores, ai flores do verde pino, 
se sabedes novas do meu amigo! 
    Ai Deus, e u é? 

- Ai flores, ai flores do verde ramo, 
se sabedes novas do meu amado! 
    Ai Deus, e u é? 

Se sabedes novas do meu amigo, 
aquel que mentiu do que pôs comigo! 
    Ai Deus, e u é? 

Se sabedes novas do meu amado, 
aquel que mentiu do qui mi á jurado! 
    Ai Deus, e u é? 

- Vós me perguntardes polo voss'amigo, 
e eu bem vos digo que é san'vivo. 
    Ai Deus, e u é? 

Vós me perguntardes polo voss'amado, 
e eu bem vos digo que é viv'e sano. 
    Ai Deus, e u é? 

E eu bem vos digo que é san'vivo 
e seera vosc'ant'o prazo saído. 
    Ai Deus, e u é? 
                                                      
E eu bem vos digo que é viv' e sano 
e seera vosc'ant'o prazo passado 
    Ai Deus, e u é? 

D. Dinis, in 'Antologia Poética' 



                             A Cantiga de Amigo

-O emissor é uma rapariga apaixonada que tomando como confidente a mãe,as amigas ("manas") e a natureza ,exprime o seu drama sentimental ("cuidado"), devido a ausência do amigo ou namorado,que partira para combater os Mouros ("ir no ferido", "ir no fossado"), ou acompanhava o rei ("en cas d´el-rei "), actividades que reflectem a Reconquista cristã e consequentemente as circunstancias históricas em que se formou Portugal.

-As cantigas de amigo ou "cantigas de mulher" testemunham a existência, no Noroeste da Península Ibérica, de um lirismo autóctone e popular , anterior a introdução da influencia provençal.

-Resultando do aproveitamento estético da tradição galego-portuguesa, a cantiga de amigo de molde popular obedece a uma estrutura estrófica e rítmica que lhe imprime musicalidade: é a paralelística perfeita.


Simbologia/Elementos simbólicos 

Cabelo- sendo a cabeleira uma das principais amas da mulher,o facto de estar à mostra ou escondida, atada ou desatada, é  frequentemente um sinal de disponibilidade, de entrega ou de reserva da mulher.
A noção de provocação sensual ligada ao cabelo feminino esta igualmente na origem da tradição cristã segundo a qual a mulher não pode entrar na igreja com a cabeça descoberta.                                                                                    Resultado de imagem para mulher na idade media    

Cervo- (gamo, gazela, ou veado)- pelas suas longas hastes, que se renovam periodicamente, o cervo simboliza a fecundidade cujo ritos de crescimento.                                                                                              
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Fonte- A fonte está associada à agua, símbolo da origem da vida. Pelas suas aguas sempre novas, a fonte simboliza o perpetuo rejuvenescimento.

Os temas a relevância documental das cantigas de amigo.

- É costume classificar as cantigas de amigo, segundo os temas, em bailados ou bailas, cantigas de romaria, marinhas ou barcarolas.

-Podemos acrescentar cantigas de fonte, de cenas venatórias, de amiga e mãe, de amiga e amigos ( as vezes designadas como "irmanos"), de despedida, etc.

- Existe um grande número de cantigas onde fazem referencia a romarias que se podem localizar na Galiza ou no Minho.

-As cantigas eram, muitas delas, inspirados no ambiente marítimo (mar, ondas, barcos partindo e chegando).

-Nas bailias o carácter é muito castigo, porventura representantes do estrato histórico mais antigo porque é mais difundido na Europa.

-Os poetas conseguem dar com vivacidade os diversos estados da mulher namorada, no decorrer da intriga sentimental. Os sentimentos exprimem-se de modo muito vivo.

-As mulheres ora são ingénuas, ora experimentadas, ora compassivas e indignadas- a piedade, ora astutas e calculistas.

-Os trovadores deixaram nestas poesias o resultando de uma experiência ampla da vida sentimental.

As Pastorelas

- É discutível a inclusão das pastorelas entre as cantigas de amigo, embora o ambiente seja rústico, nota-se, em algumas composições, uma evidente intenção artística, bem como a influencia da temática trovadoresca , características que denunciam a origem provençal. É ainda, geralmente, o cavaleiro que inicia a cantiga, declarando o seu amor à pastora. No entanto, este género fundiu-se entre nós com certos elementos autóctones-comunhão com a natureza, simplicidade e recato da rapariga solteira, atenção à realidade objectiva.
                                                  

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015


A poesia Trovadoresca galego-portuguesa 

1-As Origens 

-Os jograis eram poetas e músicos profissionais , muitos deles antigos clérigos que se exibiam em feiras e romarias . Eram também recebidos e acarinhados nas cortes dos Reis e dos senhores.

-Durante o século XI  , no Sul de França , apareceu nas cortes dos senhores uma poesia de amor.

-A poesia tinha o nome de poesia provençal ou trovadoresca . Entre os factores que contribuíram para a divulgação da poesia na Península Ibérica contam-se as alianças matrimoniais de príncipes com princesas provençais ou francesas.

-Colaborando na reconquista ou na colonização do território recuperado aos mouros ; os contactos comerciais e as grandes peregrinações.

2-Os textos e os géneros

-A poesia era divulgada oralmente em espectáculos da Igreja ou da ermida ou ainda na corte dos senhores ou do rei.

-Eram cantadas pelos jograis,muitas vezes eram acompanhadas por danças.Essa poesia era destinada ao entretimento.

-As composições existentes receberam o nome geral de cantigas dado tratar-se de poesias para ser cantada.

-Conhecemos através de um tratado anónimo a Poética Fragmentada ou Arte de Trovar anexa ao "Cancioneiro da Biblioteca Nacional",os três géneros maiores ai definidos que são as cantigas de amor , as cantigas de amigo e as cantigas de escárnio e maldizer.Os dois primeiros tipos envolvem temática de carácter sentimental, e os outros tipos envolvem uma temática satírica.

3-Os Cancioneiros 

-Para além das "cantigas de Santa Maria"(420 textos de tema religioso) três cancioneiros manuscritos, o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro do Vaticano"e o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional".Os nomes dos cancioneiros designam o local ou biblioteca onde se encontravam;o primeiro no Palácio Nacional da Ajuda e os outros dois nas bibliotecas do Vaticano e Nacional de Lisboa.            
  

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015


Cultura e arte na Idade Média,expressões de uma identidade em construção. 

-Ao longo dos séculos 13 e 14 houve diversas manifestações na cultura e na arte portuguesa.

-A língua ocupou um lugar central nesta evolução, com o Galego-Português que vêm do latim.

-No final do século 12 a língua fez o seu percurso como língua de composição literária, nomeadamente na poesia lírica(cantigas de amigo e de amor) e satírica(cantigas de escárnio e de maldizer)

-O testamento de D. Afonso II e a Notícia de Torto são os documentos mais antigos escritos em português.

-No reinado de D. Dinis o português foi adotado como língua oficial. D .Dinis também fundou a Universidade português

-O português é um elemento fundamental para afirmar e enraizar uma identidade e uma tradição cultural.

-Na parte das artes,(sobretudo na parte da arquitectura), o que se usava mais era o estilo romântico.

-O estilo romântico acaba por ser substituído pelo estilo gótico no final do século XII e no século XIII com a construção da nova Igreja de Alcobaça.

- Portugal recebeu e adaptou uma matriz cultural que enformou as suas características próprias e foi componente essencial da viabilização e consolidação do reino como entidade politica independente.