quarta-feira, 7 de junho de 2017

Biografia de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (1888-1935) foi um poeta português, um dos mais importantes poetas da língua portuguesa. "Mensagem" foi um dos poucos livros de poesias publicado em vida. Fernando Pessoa exerceu diversas profissões, foi editor, astrólogo, publicitário, jornalista, empresário, crítico literário e crítico político.
Fernando Pessoa (1888-1935) nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade. Seu padastro era o comandante João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família na África, Fernando recebeu educação inglesa. Estudou em colégio de freiras e na Durban High School.
Em 1901 escreveu seus primeiros poemas em inglês. Em 1902 a família voltou para Lisboa. Em 1903 Fernando Pessoa retornou sozinho para a África do Sul, onde submeteu-se a uma seleção para a Universidade do Cabo da Boa Esperança. Em 1905 de volta à Lisboa, matriculou-se na Faculdade de Letras, onde cursou Filosofia. Em 1907 abandonou o curso. Em 1912 estreou como crítico literário.
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo. Tendo sido "plural" como se definiu, criou vários poetas, que conviviam nele. Cada um tem sua biografia e traços diferentes de personalidade. Os poetas não são pseudônimos e sim heterônimos, isto é indivíduos diferentes, cada qual com seu mundo próprio, representando o que angustiava ou encantava seu autor.
Criou entre outros heterônimos, Alberto Caeiro da Silva, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares. Caeiro é considerado naturalista e cético; Reis é um classicista, enquanto Campos tem um estilo associado ao do poeta norte-americano Walt Whitman.
Em 1915, liderou um grupo de intelectuais, entre eles, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros. Fundou a revista Orfeu, onde publicou poemas que escandalizaram a sociedade conservadora da época. Os poemas "Ode Triunfal" e "Opiário", escritos por "Álvaro de Campos", causaram reações violentas contra a revista. Fernando Pessoa foi chamado de louco.
Fernando Pessoa mostrou muito pouco de seu trabalho em vida. Em 1934 candidatou-se com a obra "Mensagem", um dos poucos livros publicados em vida, ao prêmio de poesia do Secretariado Nacional de Informações de Lisboa, sua obra ficou em segundo lugar.
Fernando António Nogueira Pessoa morreu em Lisboa, Portugal, no dia 30 de novembro de 1935.

Obras Publicadas em Vida

35 Sonnets, 1918
Antinous, 1918
English Poems, I, II e III, 1921
Mensagem, 1934

Obras Póstumas

Poesias de Fernando Pessoa, 1942
Poesias de Álvaro de Campos, 1944
A Nova Poesia Portuguesa, 1944
Poesias de Alberto Caeiro, 1946
Odes de Ricardo Reis, 1946
Poemas Dramáticos, 1952
Poesias Inéditas I e II, 1955 e 1956
Textos Filosóficos, 2 v, 1968
Novas Poesias Inéditas, 1973
Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pessoa, 1974
Cartas de Amor de Fernando Pessoa, 1978
Sobre Portugal, 1979
Textos de Crítica e de Intervenção, 1980
Carta de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões, 1982
Cartas de Fernando Pessoa a Armando Cortes Rodrigues, 1985
Obra Poética de Fernando Pessoa, 1986
O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, 1986
Primeiro Fausto, 1986

Resultado de imagem para fernando pessoa biografia




Poema e analise

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


Analise do poema 

Este poema em análise é claramente um poema de reflexão por parte de Fernando Pessoa, e não tanto um poema de análise psicológica da sua mente. Dizemos isto recordando certas passagens do poeta em que este recorda ler o que escreveu com grande estranheza - é como se a sua obra lhe fosse estranha, quando ele percorre as páginas do seu passado.

 Devemos compreender que em Pessoa a obra se confunde com a vida. Aliás, em determinados momentos Pessoa abdica da vida em favor da obra (o exemplo maior terá sido Ophélia, a sua única namorada conhecida).

 É pois nesta perspectiva que - pensamos - este poema deve ser lido. Imaginemos Pessoa sentado perto da sua arca de inédito, num dos últimos meses de vida, relendo as páginas de há 5, 10, 20 anos... e o que lia ele, senão passagens quase irreconhecíveis, de outros «eus», que não ele mesmo.

 Não sei quantas almas tenho.
 Cada momento mudei.
 Continuamente me estranho.
 Nunca me vi nem achei.
 De tanto ser, só tenho alma.
 Quem tem alma não tem calma.
 Quem vê é só o que vê,
 Quem sente não é quem é,

 Esta primeira estrofe mostra aspectos da famosa despersonalização de Fernando Pessoa. Ele diz não saber quantas almas tem, porque mudou a cada momento. Esta instabilidade é, no entanto, uma instabilidade de vida e não tanto uma instabilidade de "almas". Certo é que Pessoa, por sempre se expressar por outras vozes (heterónimas ou psudónimas), neste momento já não se reconhece - tudo lhe foi sempre estranho, porque colocou sempre em outras vozes os seus problemas. Esta exteriorização das coisas na sua vida torna-o estranho à própria vida - parece-lhe que foi outro que a viveu. Claro que este sentimento é uma protecção psicológica de Pessoa, de se recolher para dentro para não sofrer com a solidão.

 A expressão "De tanto ser, só tenho alma", sendo curiosa, parece de fácil expressão. Pessoa quer dizer que não sente ter vida, mas só alma - ou seja, a sua vida foi (e é) toda pensada, toda racionalizada. Como sempre passou para pensamento tudo o que lhe acontecia, tudo o que sente é na alma, e parece que nada sente no corpo. Esta divisão corpo/alma é essencial no todo da obra de Pessoa e reflecte uma das características da mesma - a extrema racionalização, o reduzir de todos os impulsos a uma inteligência recusando as emoções puras.

 Mas Pessoa sabe que a vantagem de tudo ser inteligência tem desvantagens: "Quem tem alma não tem calma", diz ele. Quer dizer que quem pensa não tem paz - eis um novo princípio de grande importância: é inconciliável pensar e viver, ou se vive sem pensar ou se pensa sem viver. Viver a vida ou pensar a vida é um oposto que sempre desafia Pessoa.

 "Quem vê é só o que vê, / Quem sente não é quem é," marca ainda mais esta oposição viver/pensar. "Quem vê" é aquele que vive só a vida e não a pensa (sente). "Quem sente não é quem é" - quer dizer que o pensamento impede a acção na vida. Reforça o que dissemos anteriormente, que viver e pensar se tornam inconciliáveis.

 Atento ao que eu sou e vejo,
 Torno-me eles e não eu.
 Cada meu sonho ou desejo
 É do que nasce e não meu.
 Sou minha própria paisagem,
 Assisto à minha passagem,
 Diverso, móbil e só,
 Não sei sentir-me onde estou.

 Pessoa sentindo essa oposição pensar/viver transforma-se no papel, nas personagens dos seus heterónimos. E os heterónimos nascem das necessidades da sua vida - são filtros para o que vai acontecendo. À medida que são apresentados desafios a Pessoa, ele enfrenta-os indirectamente pelos seus filtros literários, pelas suas personagens literárias. Por isso ele diz que os sonhos e desejos é "do que nasce" e não dele. Ele como que apenas assiste à passagem da sua vida, porque se recusa vivê-la simplesmente. Tudo é analisado, dissecado, e tudo por isso se torna falso, uma ilusão de realidade simbolizada.

 Pessoa é "diverso, móbil e só". Ou seja, multiplica-se, viaja, e está no final sozinho, sem salvação. Esta instabilidade, redução do um aos muitos, acaba por significar que ele deixa de sentir - "Não sei sentir-me onde estou". A vida é-lhe estranha e como a vida os sentimentos. Deixar de sentir é também deixar de viver - é alienar-se de tudo, proteger-se da vida, dos perigos, de tudo, para se recolher dentro de si, e por detrás dos seus personagens literários.

 Por isso, alheio, vou lendo
 Como páginas, meu ser.
 O que segue prevendo,
 O que passou a esquecer.
 Noto à margem do que li
 O que julguei que senti.
 Releio e digo: "Fui eu"?
 Deus sabe, porque o escreveu.

 "Alheio" ele lê então "como páginas" o seu "ser". Isto reforça o que vimos dizendo. A sua vida confunde-se com a sua obra - tanto que Pessoa diz ler como páginas o seu ser. A vida foi racionalizada, foi reduzida a linguagem escrita, transferida para os seus personagens literários, que acabam por viver a sua vida por si, por deixá-lo a um canto, reduzido quase a nada enquanto individualidade.

 Pessoa-ele-mesmo apenas prevê e esquece. É uma espécie de pivot, de centro fisíco de tudo o resto, mas quase sem actividade. Ele é apenas uma "nota à margem" do livro que foi a sua vida. Alheio ao seu Destino (foi Deus que o escreveu), ele já não destingue quem nele viveu as coisas.

 Retiremos deste poema a grande solidão de Pessoa - já reduzido a apenas uma nota de margem na vida (e na sua obra). Pessoa era a pessoa real, passando o pleonasmo, mas aqui torna-se evidente que a pessoa real foi obliterada, desmultiplicada em muitos outros, até que quase nada restasse do original. Nada para pensar, e sobretudo nada que sintisse o mundo à sua volta. Pessoa-ele-mesmo morreu para o mundo e já nada sente, e sobretudo o que sente é que a vida já não pode ser vivida senão por intermédio de um outro seu. E isto quer dizer que nele mesmo a esperança de viver estava definitivamente perdida. 
Resultado de imagem para almas


"Autopsicografia"
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Analise do poema:


 Neste poema Fernando Pessoa fala da teoria do fingimento poético, pois um poema não traduz aquilo que o poeta sente, mas sim aquilo que o poeta imagina a partir da recordação do que anteriormente sentiu. O poeta é, assim, um fingidor que escreve uma emoção fingida, pensada, por isso fruto da razão de da imaginação e não a emoção sentida pelo coração, que apenas chega ao poema transfigurada na tal emoção trabalhada praticamente.
O leitor não sente nem a emoção vivida realmente pelo poeta, nem a emoção por ele fingida no poema, sentido apenas o que na sua inteligência é provocado pelo poema – assim, a poesia, segundo Fernando Pessoa, é a intelectualização da emoção.
Resultado de imagem para psicografia

"Não sei ser triste a valer"
Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?
Ah, ante a ficção da alma
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração!
Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.
Depois, a nós como a ela,
Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E ambos nos vêm calcar.
'Stá bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.

Analise do poema:
 Este poema foi escrito para caracterizar o homem, que sente e pensa. Nele a razão e a emoção são mentira porque não se conjugam. Por seu lado, a flor, nem sente nem pensa e, no entanto, desabrocha sem precisar de razão e de coração. Para a flor, florescer é um acto involuntário, tal como é um acto involuntário para o homem pensar.
O sujeito poético procura realçar um apelo irónico ao “carpe diem” que procura sugerir que, enquanto a morte não chega, devemos aproveitar cada momento da vida, seja florindo inconscientemente como uma flor, seja pensando, como é inevitável no homem.
Resultado de imagem para triste a valer  
                                                                   Manuel Alegre
Biografia
Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de Maio de 1936 em Águeda. Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um activo dirigente estudantil. Apoiou a candidatura do General Humberto Delgado. Foi fundador do CITAC – Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, membro do TEUC – Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, campeão nacional de natação e atleta internacional da Associação Académica de Coimbra. Dirigiu o jornal A Briosa, foi redactor da revista Vértice e colaborador de Via Latina.
Resultado de imagem para manuel alegre jovem
A sua tomada de posição sobre a ditadura e a guerra colonial levam o regime de Salazar a chamá-lo para o serviço militar em 1961, sendo colocado nos Açores, onde tenta uma ocupação da ilha de S. Miguel, com Melo Antunes. Em 1962 é mobilizado para Angola, onde dirige uma tentativa pioneira de revolta militar. É preso pela PIDE em Luanda, em 1963, durante 6 meses. Na cadeia conhece escritores angolanos como Luandino Vieira, António Jacinto e António Cardoso. Colocado com residência fixa em Coimbra, acaba por passar à clandestinidade e sair para o exílio em 1964.
                                              Resultado de imagem para manuel alegre
Passa dez anos exilado em Argel, onde é dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional. Aos microfones da emissora A Voz da Liberdade, a sua voz converte-se num símbolo de resistência e liberdade. Entretanto, os seus dois primeiros livros, Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967) são apreendidos pela censura, mas passam de mão em mão em cópias clandestinas, manuscritas ou dactilografadas. Poemas seus, cantados, entre outros, por Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e Luís Cília, tornam-se emblemáticos da luta pela liberdade. Regressa finalmente a Portugal em 2 de Maio de 1974, dias após o 25 de Abril.
Entra no Partido Socialista onde, ao lado de Mário Soares, promove as grandes mobilizações populares que permitem a consolidação da democracia e a aprovação da Constituição de 1976, de cujo preâmbulo é redactor.
Deputado por Coimbra em todas as eleições desde 1975 até 2002 e por Lisboa a partir de 2002, participa no I Governo Constitucional formado pelo Partido Socialista. Dirigente histórico do PS desde 1974, é Vice-Presidente da Assembleia da República desde 1995 e é membro do Conselho de Estado (de 1996 e 2002 e de novo em 2005). É candidato a Secretário-geral do PS em 2004, naquele que foi o mais participado Congresso partidário de sempre.
Em 2005 candidatou-se à Presidência da República, como independente e apoiado por cidadãos, tendo obtido mais de 1 milhão de votos nas eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006, ficando em segundo lugar e à frente de Mário Soares, o candidato então apoiado pelo PS.
Em 23 de Julho de 2009 despediu-se do lugar de Deputado, que ocupou durante 34 anos e que deixou por vontade própria nas legislativas de Setembro. Foi reeleito para o Conselho de Estado em Novembro de 2009, tendo cessado funções com a posse dos novos titulares, em abril de 2016.
                                            Resultado de imagem para manuel alegre
É sócio correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências, eleito em Março de 2005.
Em Abril de 2010, a Universidade de Pádua inaugura a Cátedra Manuel Alegre, destinada ao estudo da Língua, Literatura e Cultura Portuguesas.
Em Janeiro de 2010, Manuel Alegre anuncia a sua disponibilidade para travar o combate das presidenciais em 2011 e em Maio de 2010 apresenta formalmente a sua candidatura à Presidência da República.
Em maio de 2016, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou: "Portugal também foi grande e é grande porque Manuel Alegre é português".
                                      Resultado de imagem para manuel alegre

As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade

Analise do poema 
Este poema de Manuel Alegre simboliza a esperança pela Liberdade e foi cantado por  Adriano Correia de Oliveira. O cantor era um amigo do poeta e companheiro das lutas estudantis em Coimbra.
Anos antes, o convívio entre os dois possibilitou a criação de um  poema-cantiga que ficou na história da resistência à Ditadura. *Conta-se que numa noite, em plena Praça da República em Coimbra, Manuel Alegre exprimia a sua revolta:
«Mesmo na noite mais triste/ Em tempo de servidão/ Há sempre alguém que resiste/ Há sempre alguém que diz não».
E Adriano Correia de Oliveira disse «mesmo que não fiquem mais versos, esses versos vão durar para sempre». Ficaram. António Portugal compôs a música .  «E depois o poema surgiu naturalmente». Tinha nascido a Trova do vento que passa. Três dias depois vieram para Lisboa, para uma festa de recepção aos alunos na Faculdade de Medicina. Manuel Alegre fez um discurso emocionado, depois Adriano Correia de Oliveira cantou e quando acabou de cantar:
«foi um delírio, teve de repetir três ou quatro vezes, depois cantou o Zeca, depois cantaram os dois. Saímos todos para a rua a cantar. A Trova do vento que passa passou a ser um hino».